domingo, 16 de dezembro de 2007

O Básico sobre Laços

Vi um curta incrível esse final de semana. Coisa de pouco mais de 6 minutos que nos faz pensar bem mais do que 6 minutos. Apesar de não gostar muito de postar material de terceiros (prefiro muito mais produções próprias, mesmo que bem poucas) esse vídeo mereceu estar aqui.

Vídeo premiado (Project Direct). Tá na Veja da semana passada (Seção Gente). Muito bom.



Melhor parte:
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03:25

- Ok. Você ganhou. Eu exijo uma explicação para essas bobagens. O que você tem a dizer?

- É bobagem chorar por laços que parecem desfeitos, mas que continuam firmes. Alguns laços são teimosos. Às vezes a gente pensa, PUF!, lá se foi ele. Mas ele vai estar sempre ali. Que nem alguns amores.
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Sem falar na música:

Australia

I could go to Australia
I could fly to Japan
Could go to South America
Well, everybody can

Could run like hell to China
I could go to Egypt
Could run like a late rabbit and I wouldn't move one bit

I'm stuck here in the darkness
Blinded by all the light
Standing outside my body with my body still in sight

I could travel the whole world
I could just stand up still
And that's, I know, an image that would make some people ill

Someday somebody said to me
I think it was a man
"As long as you're okay with it"
And that I think I am.

Um excelente começo de semana a todos.

sábado, 15 de dezembro de 2007

O básico se torna mais básico quando se está longe...


"Um homem precisa viajar.
Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv.
Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto.
Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver."

(Amyr Klink)

Certo está esse rapaz aí que escreveu as linhas acima. Viajar é realmente preciso. E muitos acham que a vida que levam é uma viagem, quando na verdade estão parados na estação.

Tenho um gosto por trilhas (de bicicleta) bem latente e, quase sempre, incompreensível. Mas é que, depois de pedalar vários quilômetros, você começa a sentir falta das coisas básicas. Começa a achar que o "Faustão" é o melhor dos programas de TV (algo quase impossível hoje em dia) - e isso simplesmente pelo fato de você estar em casa, relaxando, depois de ter passado algumas horas ou alguns dias fora. E isso sem contar que, nos caminhos de pedal percorridos você consegue ter contato com algo quase que em extinção na cidade: pessoas. Não quaisquer pessoas, mas pessoas que pensam diferente, agem diferente e têm valores completamente diferentes dos nossos (ou você acha que alguém que mora há 5 km da casa mais próxima pensa em como "conquistar o mundo" como nós)

Com isso, nos resumimos à nossa insignificância em dois pontos:
1- Não temos motivo para levarmos a vida na correria em que a levamos;
2- A felicidade, sempre tão sonhada, é muito relativa.

E isso é bom. Nos faz voltar ao chão e nos faz ser pessoas melhores, mais empáticas. Acaba com a "arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos".

Viajar é preciso. E muito. Mas o mais importante é a volta.
É quando, depois de pouco ou muito tempo, começamos a sentir saudade daquilo que é básico em nossas vidas. É quando começamos a sentir saudades das nossas raízes e valores.
Uma boa viagem àqueles de bom senso. Um bom retorno. E um bom final de semana a todos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O básico da amizade - Versão 2.0


Já tinha escrito aqui sobre amizade. Mas nunca é demais. Não com os amigos que eu tenho. Incorrigíveis e, muitas vezes, imutáveis. Saber que podemos contar, hoje em dia, com pessoas que convivem com você há mais de dez anos, da mesma forma como contávamos com elas quando tínhamos espinhas na cara chega a ser confortante e, por que não, cômodo.

Cômodo pelo simples fato de sabermos que podemos colocar essas amizades na lista Top 5 das coisas boas da vida. Ter amigos (verdadeiros irmãos, essa é a verdade) nos trás a segurança de que "temos aonde cair", temos em quem nos escorar quando o mundo todo se joga contra nós. Temos com quem, numa terça-feira chuvosa e preguiçosa, numa cidade erma e tomada do marasmo, poder compartilhar um churrasquinho e aquela já famosa coca-cola (que, entre os mais conscientes, era light e agora acabou virando zero).

E tudo isso pelo simples fato da cumplicidade. Essa cumplicidade que tanto falam e recriminam nos noticiários, quando entre irmãos, parece nos confortar de todos os males sentidos, todas as agruras vividas e todos os descaminhos que o mundo pode proporcionar.

Que Deus, em seu infinito saber, cuide de todos os meus irmãos da mesma forma como cuidou de mim todos esses anos. E que tenhamos sempre em mente que, já dizia o filósofo, estamos todos fadados ao sucesso*. Ontem, hoje e sempre.


Um abraço a todos.

* Uma homenagem ao mais novo economista do grupo: André Pontes Lopes (valeu, Peqs! Esse canudo foi suado e, definitivamente, MUITO merecido!)

domingo, 9 de dezembro de 2007

Sinto falta do básico...


Estou de saco cheio já faz um tempo. O básico na minha vida foi para o espaço. Nada mais é básico em nada. E hoje, mais precisamente um domingão sonolento e tedioso, sinto muita falta do básico.

Básico é ir dormir com um par de pés trançados nos seus.
É, no meio da noite, descobrir que você está morrendo de frio porque roubaram os lençóis (e você, ao invés de ficar bravo, abraçar quem está do lado p/ passar o frio).
É acordar e ver que quem você escolheu para estar com você o resto da vida simplesmente ESTAR ali do seu lado (parece básico e óbvio, mas, como disse no início, o básico pode estar em qualquer lugar, menos no meu lado).
Básico é passear na praça, no clube ou na locadora de mãos dadas. E se puder colocar mais um par de pequenas mãozinhas de 1 ano e 4 meses no meio, melhor ainda.
Básico é poder transbordar todo o amor que tem dentro de você, sem preocupações com horários de vôos ou tic-tac`s de relógios que teimam em acabar com o seu final de semana.

"O ruim de morar só é que sempre é a sua vez de lavar a louça".
E sempre acaba sendo sua vez de tudo...

Quando disseram que não ia ser fácil, também não disseram que ia ser tão difícil assim...
Mas uma hora isso melhora...

Uma boa semana a todos.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Versão moderna da solidão...


Hoje recebi uma foto de quando tinha 15 anos. Interessante fazer uma comparação dos meus anseios de tempos atrás com os anseios de hoje. Angustiante saber que antes eu desejava tudo o que eu tenho hoje. E hoje, em alguns momentos, desejo tudo o que eu tinha antes.

A melhor forma para espantar todos esses fantasmas é ter a absoluta certeza (?) de que a melhor fase de nossas vidas é a atual.

Se fizermos um balanço geral, isso é a mais absoluta verdade. Hoje temos conhecimentos que nem de perto tínhamos tempos atrás. Mas.. e aí? A grande pergunta: isso é bom ou mal?

De alguma forma é bom, de alguma forma é mal. Na verdade nunca saberemos exatamente o que o mundo nos reserva e a vida sempre vai ser 50/50: tudo o que você fizer ou escolher tem 50% de chance de dar certo.

O "e se" precisa ser encarado como algo que foi e não volta mais. Como um leite derramado. E pra quem já ouviu falar de "efeito borboleta", sabe que o esforço que aplicaremos para tentar reverter certas situações acaba sendo humanamente impossível (ou seja, basicamente, relaxa e aproveita o tufão...).

O único problema ainda persistente em tudo isso é que o "e se" fica constantemente em nossas cabeças. E quanto menos atividade você tem, mais atenuante ele fica.

E quando você se depara, como ilustra a foto acima, sentado num banco, de frente para um mar imenso, num clima propício, você às vezes olha para o lado e lá está ela: a solidão.

E é nessas horas que o tal do "e se" bate forte na sua cabeça...

E sabe o que você faz? Levanta a cabeça, pede licença e segue em frente porque ainda tem os outros 50% esperando para acontecer...

Excelente final de semana para todos nós.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Uma Solidão Solteira - Carpinejar

É engraçado saber que existem pessoas espalhadas pelo mundo que simplesmente sabem mais sobre você do que você mesmo... No meu tempo de adolescente, onde a Internet se resumia a uma BBS, essas pessoas não apareciam na sua frente. Raramente alguém conseguia até mesmo se "sintonizar" na mesma frequência que a minha.

Mas aí veio essa "tar" de Internet e bagunçou o coreto!

Já possuía desde sempre uma teoria de que existem, sim, pessoas idênticas (fisicamente falando) espalhadas pelo mundo pelo simples fato de "não existir moldes diferentes suficientes para tudo isso de gente". Ou seja, se você rodar, rodar e rodar, acaba encontrando alguém que seja idêntico àquele seu amigo ou amiga em algum canto do mundo.

Depois que eu passei a viajar pelos blogs da vida, acabei estendendo essa teoria para além do físico. Agora a semelhança entre alguns seres vai até o fundo da alma.

São pessoas como o autor do texto abaixo, que parece ter invadido minha cabeça numa noite qualquer e botado tudo pra fora.

PS.: Uma dedicatória à mãe mais especial que existe nesse mundo...

Uma Solidão Solteira - Fabrício Carpinejar
Fonte.: http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/2007_11_01_archive.html#39996030

"
O que é ser mãe? É nunca precisar responder a essa pergunta. Diferente de pai, que sempre se explica e gosta de se explicar. Mãe parece que nasce sabendo, não importa a idade, não importa a disposição. Julga-se como um dom natural e um desejo de vida, desde o momento em que brincava de boneca na infância e formava uma família imaginária no quarto. Que menina, quando pequena, já não sonhava em trocar a roupa do filho ao vestir e desvestir sua Barbie? Ser mãe não é encarado como profissão nem deve, mas é tão estafante quanto um início de carreira. O papel é visto como prazer e dádiva. Para alguns homens, é reconhecido como o cumprimento de um ideal. Um sonho. Mas não significa que será fácil. E não é. Responde a um dos períodos de maior aprendizado, nervosismo e tensão. Durante a gravidez, a mulher se multiplica. Espiritualmente é duas. Ganha atenção dobrada. Seus pedidos mais estranhos são atendidos. Cavalheirismo e educação exagerados batem à sua porta. Não me refiro aos assentos vermelhos do ônibus e do metrô e dos guichês do banco, reservados a gestantes. Muito além disso: abrem-se os caminhos do entendimento e da cordialidade. Ela encontra uma paz de bosque, uma quietude social. Não é contestada, criticada, desafiada. Nada que prejudique o andamento da gestação. Sua fragilidade a ilumina de carícias.

DEPOIS DO NASCIMENTO, desconfia de que sua barriga serviu para um aluguel de luxo, que os familiares se importavam com a criança a vir, não com a criança adulta que se transforma em mãe. Paparicam o bebê e ela acaba de canto, alheia, sequiosa por um aconchego que não chega. Na hipótese de atravessar uma cesariana, dolorida e custosa, não receberá sequer algum questionamento sobre sua saúde. Andará sozinha, bem lenta, atrás do cortejo. A depressão pós-parto não é uma miragem, sinaliza desvalia.

De uma hora para outra, a mulher não é mais responsável pela sua existência, é responsável por duas vidas. Não poderá se dar ao luxo de pensar somente em si. Pensará em si por último, caso sobre tempo. Aliás, vejo que não é casando que a mulher deixa de ser solteira, ela muda efetivamente de estado civil ao gerar um filho. A dependência é substituída pela independência, no sentido de orientar e educar a criança.

POR MAIS QUE ESTEJA ACOMPANHADA de um marido companheiro e atento, é como se mandasse no campinho. É ela que deverá responder - ou acredita que deve responder - no surgimento de dúvidas e impasses. O homem ainda goza da regalia de coadjuvante, com atenuante de que não precisa conhecer tudo. Pai está aprendendo a ser pai, mãe está ensinando a ser mãe. A crença é que a mulher tem uma enciclopédia embutida no ventre.

Licença-maternidade não é uma licença poética. Não é apenas estacionar o filho na vaga preferencial do seio. Mal se recuperou do parto e enfrenta a multiplicidade de atividades. Não dorme pelo medo de dormir e deixar escapar um apelo do bebê e ser incriminada por omissão. A insônia é o de menos. Até encontrar a posição certa de segurar o nenê para não ter cólicas, até encontrar a melodia adequada que tranqüiliza o choro, até encontrar a postura confortável para não sofrer com dor nas costas, é uma arte.

ENTRE CUEIROS E TIP-TOPS, entre fraldas e lençóis, dificilmente será reconhecida em família pelos seus pequenos e imprescindíveis feitos. De que modo contar a terceiros e ao próprio marido o que fez? Que deu leite, arrumou as roupas, limpou o cocô, deu papinha e que essas operações tomaram o seu dia? As energias gastas em 24 horas serão reduzidas a um relato de três minutos. Dirão que é exagero. Começa a cobrança e a sensação de que não é compreendida.

O marido aparecerá em casa, leve e lépido, mais disposto (é claro), e brincará descansado com o filho, imitará sons de bichos, desfrutará da organização e de uma companhia para dividir as tarefas. Ele curte o que desejava para você. O pai é o parque, a mãe é dia útil. Resta assistir à alegria como se fosse sua.

IMAGINE UMA PROFISSIONAL HIPERATIVA mergulhar de repente nesse mundo em que nada aparenta acontecer e tudo acontece sem jeito de demonstrar? Ter a rotina reduzida a dez quarteirões do bairro, na faixa que compreende a quitanda, a farmácia, a praça e o mercado, como um exílio em sua cidade? Uma mãe recente é uma ótima crítica da televisão à tarde. Pela primeira vez, é capaz de opinar com fundamento sobre a qualidade dos programas.

De um comercial a outro, o filho cresce mais rápido do que supunha. O que adiava para fazer continuará adiando. Se nos preparativos, demorava séculos para definir a cor do enxoval, as decisões agora são rápidas e fulminantes. São para ontem. O filho largou o peito, deve então acertar a temperatura do leite, preparar a comida, optar pelas peças da gaveta. Será que ponho casaco ou não? Está quente ou frio? O ponto mais visitado é a bunda rosada da criança, para verificar assaduras. As mãos cheiram a hipoglós e não é de estranhar que a pasta branca fique nos vãos dos dedos no momento de dormir. E, quando toca o telefone, a mãe se envergonha de dizer que está segurando o filhote no colo e faz o impossível para que a voz na linha não note o incômodo. Um malabarismo para acalmar os gritos do pequeno, entender a conversa e ser educada. Mãe carrega muita culpa desnecessária. A maternidade é uma solidão desproporcional, uma solidão solteira em cama de casal.

A libido fica em baixa, não se tem a mesma vontade louca de transar. Nem é vontade, é disposição, condicionamento físico. Após desbotar o tapete do corredor no vaivém, não há como se arrumar. Arrepende-se dos espelhos no quarto adquiridos para projetar posições eróticas. O homem se aproxima dengoso e amoroso e a dor de cabeça é a saída menos explicativa. Existe um cansaço inclusive para DR (Discutir o Relacionamento).

A mulher se vê acima do peso, com os seios estranhamente grandes (talvez o homem goste da protuberância, esquece que o aumento é inchaço, dói e não é para ele) e a cintura se equilibrando com a transformação. Pela primeira vez, um maiô não é uma idéia insuportável. O corpo está longe da rigidez e para recuperar as formas antigas só com muita ginástica, musculação e sorte.

ELA ESTÁ DISTANCIADA DO NÉCESSAIRE, substituída pela sacola forrada de plástico, com pomadas, panos, bicos e o restante infinito do arsenal infantil. O máximo a fazer é paquerar a sinaleira. O único jeito de avançar no sinal vermelho é ali, com o carrinho de bebê na faixa de segurança.

Se não está aprontando e ordenando as coisas, está limpando a bagunça. Se não está encaminhando a criança ao sono, está dormindo junto. O banho de banheira da criança que encharcará o piso será o raro momento em que se ausentará, ouvirá novamente sua respiração e buscará informações atualizadas da rua.

Falei do trabalho, porém é o isolamento que mata. O pai age, na maioria das vezes, como um porteiro das visitas, cumpre a convenção social de mostrar o bebê para em seguida continuar suas conversas. Um elogio pra lá, um elogio pra cá, a criança abandona a cena e a mãe corre atrás, para atender as chamadas noturnas. Não há como acompanhar os papos entusiasmados e eufóricos. Escuta-se as risadas do quarto, com receio de que a criança seja acordada e tenha que recomeçar o acalento. Torce para que as visitas saiam cedo.

OS AMIGOS E AMIGAS DA MULHER, de contato freqüente, de repente desaparecem. No início, podem rodear o bebê, propor bilu-bilu e esganiçar dublagens. Exaltam o nascimento. No instante do socorro e exaustão, nenhuma alma por perto. Acontece uma segregação silenciosa e terrível. Alguns se afastam para não incomodar, outros para não serem incomodados.

Durante essa fase, os relacionamentos escasseiam também devido à exclusividade materna. Quem não tem filho pode achar esquisito, mas pais discorrem na mesa sobre quantas vezes a cria foi aos pés e a cor das idas e vindas! Ela encontrará dificuldade de conversar de outros assuntos que não os relativos ao seu filho. Afinal, seu universo gira em torno dele. Vai se aproximar de outras mães para dividir suas dores e delícias. Um dos motivos para que as reuniões das creches sejam longas. É um momento de desafogo e de cumplicidade.

A MÃE QUER SE SENTIR OUVIDA, falar do que incomoda na hora em que sente. Não depois quando já se confortou. Ou antes quando não entende. Tal jornal – mãe é para ser lida no dia. A pior coisa para ela é estocar sentimentos e apreensões, como quem guarda inutilmente papel velho. Mãe deve dizer o que a confunde de pronto e ser respeitada em silêncio até o fim, para que a preocupação não seja convertida em recalque.

Quando não está ao lado da criança, mãe padece com severa intensidade. Uma saída para se distrair – ou ao retornar ao trabalho –, e está ligando apavorada para a babá, solicitando relatos minuciosos dos últimos movimentos do rebento. Pavor de que não há quem cuide melhor do que ela. Ou pavor de que alguém cuide melhor do que ela.

O QUE É SER MÃE? É nunca precisar fazer essa pergunta. O que se experimenta em segredo, o esforço hercúleo, o afeto pontual serão recompensados com a telepatia. A mãe notará que é possível esconder seus sentimentos de qualquer um, menos de sua criança, que alisará seus cabelos no desalento com o pente das unhas e nadará com alegria em seu corpo em cada abraço. E basta observar que a criança imita seu trejeito, basta reparar que a criança segura os objetos com a sua firmeza, basta reconhecer na voz dela o galho florido de seu timbre, basta cheirar o cangote e descobrir quantas fragrâncias não foram criadas, basta vê-la caminhar longe do apoio, balançando como um pingüim, basta ouvi-la dizer “mãe” com a pausa de uma reza, basta ser surpreendida com as repetições de suas idéias, basta que ela invente novas possibilidades para linguagem, basta que ela ponha a digital em um cartão, que ela retribua o “eu te amo”, e as adversidades serão esquecidas. As adversidades já serão amor. "

Publicado na
Revista Cláudia Bebê, Edição 553, Outubro/Novembro/Dezembro de 2007, p. 58-64

sábado, 10 de novembro de 2007

O básico da amizade...

Amizade é saber que você pode contar com as (mesmas) pessoas durante anos, mesmo elas estando a mais de 3 mil km's de distância ou morando na mesma cidade que você.

Amizade é perceber que, mesmo depois de muito (ou muito pouco) tempo sem se falar pessoalmente, a admiração e o companheirismo continuam o mesmo. É perceber que podemos contar, incondicionalmente, com pessoas chaves na nossa vida.

E essas pessoas mudam? Lógico que sim. Todos mudam, todos evoluem (beeemm.. nem todos, mas isso é assunto pra outro post). Mas tem aquelas pessoas evoluem junto com você. Acompanham seus pensamentos, seus receios, seus medos, suas esperanças e seus sonhos. Não se sabe muito bem porquê, mas simplesmente acompanham você em todos os aspectos.

E isso faz com que laços se amarrem tão bem apertados que você tem a certeza que aquilo ali não vai acabar nunca. Quer dizer, só com a morte mesmo.

E o que tem de básico nisso tudo?
R: Básico é reconhecer, abrir os olhos e valorizar tudo isso.

Certo?

Bah, égua, meu!

: )

Um abraço.

domingo, 4 de novembro de 2007

Troquei de emprego - O básico foi para o espaço!

- Não é por nada, nem algo pessoal, mas recebi uma proposta irrecusável.
- Mas... você acabou de ser promovido (setembro)!
- Pois é, mas...
- E você tem previsão de aumento de salário/função (e responsabilidades/dores de cabeça, lógico) para janeiro...
- Então....
- Mas por quê?

Pára tudo!

Caiu a ficha só duas semanas depois. Mas eu troquei de emprego. Mudei! E toda onda de mudança implica, necessariamente, numa onda de resistência. Mas toda essa resistência reside num lugar que não tem nada de básico: dentro de mim!

Básico é ir trabalhar todo dia durante dois anos dando bom dia pra as mesmas pessoas.
Básico é saber o que o seu chefe pensa, quer e exige de você.
Básico é saber o quanto de esforço você precisa impôr para que as pessoas reconheçam seu trabalho.

Começar tudo da "estaca zero" não tem nada de básico... Exige uma concentração e foco absurdo. Para poder deixar tudo básico de novo (se é que um dia chegue a ser básico novamente, o que eu acho extremamente difícil).

Parafraseando a "moda" do país:
"... e naquela noite, ventou forte no Babilônia..."

E a tempestade não está nem no ínício....

Eu já estou com a minha capa de chuva. Disso eu tenho certeza...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O básico do básico - Trabalho (Parte 1)

É.. taí o lugar comum onde todos pecam quando falamos de coisas básicas: o trabalho.
Lembrando que esse post só vale pra quem realmente se interessa sobre o seu trabalho. Ou seja, estão descartados funcionários públicos (salvo raras exceções - como um grande amigo meu) e outros convalescentes (e, por que não dizer cúmplices) que tratam seus trabalhos como verdadeiros "empregos" (ou seja, estão ali só pra cumprir tabela e tirar o seu no final do mês). Para esses, acho que nem a morte dá jeito (devem chegar no inferno se escorando pelas tabelas e sempre passando a responsabilidade para terceiros... "não, seu diabo, quem esqueceu de acender o fogo da quarta-feira não fui eu, não... foi aquele diabinho ali..." afff.. que ódio de gente assim).

Mas vamos lá...


Comecemos pelo básico (como sempre):

Ponto nº 1: Cumprimento de horários!

Minha nossa... Será que é tão difícil compreender o que é um "contrato de trabalho"? Será que exista alguém que morra por chegar no horário (ou até quem sabe 10 minutinhos antes)? É impressionante verificar que hoje a pontualidade virou artigo de luxo (pouquíssimos o ostentam) e até motivo de chacota.

Ponto nº 2: O famoso café da manhã.

Sim, lógico. Por que não basta chegar "um pouquinho" atrasado. Temos que afundar o início da produtividade num looooongo e prazeroso cafezinho... Começar a trabalhar? "Será que você não vê que estou tomando meu café?"
Será que o errado sou eu? Às vezes até me questiono e fico confuso... Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca ;)


Ponto nº 3: Entender que você não trabalha sozinho.

Subentende-se que todos saibam disso. Não é verdade. Alguns simplesmente desconsideram a possibilidade de que outras pessoas dependem de você. "Como assim 'dependem'?". É verdade, acreditem! Existem algumas pessoas que estão na mesa ao lado ou a milhões de quilômetros de distância mas que, impressionantemente, não conseguem produzir se você não passar aquele e-mail tão importante ou aquela informação "que aquele mala já pediu mais de um milhão de vezes". Já ouviu falar em reação em cadeia? Não! Não se intimidem, cliquem aqui.

(continua)


PS.: Tá com cara de desabafo? Bom, se a carapuça servir....

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O básico do básico

Descobri recentemente, através de outros blogs, que precisava externar tudo o que eu sentia. Descobri isso depois de falar muito sozinho. Falei muito sozinho. São viagens e mais viagens sem ter ninguém pra trocar uma idéia. Então resolvi: preciso escrever. Um livro... não! Artigos.. quem sabe!? Um blog... é.. taí.. vou criar um blog. Compartilhar idéias, receber críticas... vai ajudar...

Mas... escrever sobre o quê? Essa foi praticamente a decisão: vou escrever sobre o básico. Mas... por quê cargas d'água sobre o básico? Simples: ninguém presta atenção ao básico! Todo mundo acha o básico tão... básico... que acabam focando nos detalhes...

Até aí nada demais.. "que bom focar nos detalhes" dirão. Mas simplesmente não adianta focar o detalhe quando o básico fica renegado ao segundo plano. É como se importar com a azeitona do martini quando o copo está sujo... É como se importar com o tipo de prato que o cliente quer comer e esquecer que o restaurante deve estar aberto também para um almoço de domingo...

Mas, peraí. Isso não é o básico?

É!

E isso é o mais impressionante: todos esquecem do básico.

Esse blog serve exatamente para isso: lembrarmos que o básico, apesar de básico, é essencial.
Em tudo!